sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Sonho que virou pesadelo




 O naufrágio nesta semana de uma das embarcações abandonadas no Terminal das Barcas no Cocotá é a prova do desinteresse da empresa Barcas S/A, com o trajeto marítimo entre a Ilha do Governador e a Praça XV. É um desrespeito contra a população que lutou para ter a alternativa saudável do transporte marítimo num local central como o Cocotá. Aliás, nunca o transporte marítimo de passageiros funcionou direito na Ilha. O descaso com a antiga estação da Ribeira, sob os argumentos que a localização dificultava o acesso e não tinha espaço para o estacionamento de veículos, motivou a mudança para o Cocotá e trouxe esperanças de uma integração para valer com as linhas de ônibus da Ilha. Um sonho que virou pesadelo para muitos moradores que acreditavam que o enredo deste filme não fosse uma comédia, cujos palhaços e simples coadjuvantes, são os passageiros das barcas.

 Informações dão conta de que as três embarcações, que apodrecem no Cocotá, foram vendidas como sucata a uma empresa de ferro velho de Niterói. Elas seriam rebocadas até lá, fato que livraria o Cocotá da vergonhosa alcunha de cemitério de embarcações. O Terminal do Cocotá nunca atendeu os passageiros como deveria, ou seja, só com embarcações velozes como os catamarãs, que reduziriam o tempo de viagem para menos de quinze minutos, e horários a cada trinta minutos, entre 6h e 20h. Construído com dinheiro público, contou, na inauguração, com a presença da governadora Rosinha, fato que permitia sonhar que nunca seria usado também como ancoradouro de embarcações imprestáveis.

 Com o naufrágio, a sucata gerou um contencioso ambiental cujos desdobramentos podem trazer problemas graves como vazamentos de óleo e consequente poluição das margens e praias da Ilha. O custo para içar, desmanchar e transportar a carcaça naufragada gerou um problema ainda sem aparente solução. O perigo é que as outras duas barcas, bastante enferrujadas, podem ter o mesmo fim, se não forem retiradas logo do Cocotá.


joserichard.ilha@gmail.com

Um comentário:

Leonardo disse...

Moro na Ilha do Governador e não entendo como não há um movimento pró transporte hidroviário para o bairro.
Precisamos forçar o Poder Público a acabar com o Monopólio e reinvidicar a criação de Estações de Catamarã/Aerobarco na Ribeira, Jardim Guanabara e Galeão, mesmo que só nos horários de RUSH (como era décadas atrás).
As Barcas no Cocotá são lentas e não contemplam de forma abrangente a população da Ilha.
Toda a população do município seria beneficiada, já que o número de carros que trafegariam na Linha Vermelha seria muito menor.
Nunca vi um estudo de viabilidade para a implementação de uma barca Ilha - Niterói, nem que fosse apenas um trajeto de ida (manhã) e volta (final da tarde) por dia.
Definitivamente não acredito que esse projeto seja economicamente inviável face a quantidade de pessoas que tenho certeza se utilizariam desse modal.
Nem acredito que o mesmo causaria impactos ambientais desproporcionais em face da criação das estações.
Há uma saída para o problema de trânsito da Ilha do Governador e só não vê quem não quer.