sexta-feira, 18 de julho de 2014

Estaleiro EISA atrasa salários e trabalhadores protestam na Estrada do Galeão



Manifestantes do Eisa querem o pagamento dos salários atrasados

              A manifestação dos trabalhadores do Estaleiro Eisa que resultou na ocupação da Estrada do Galeão na manhã da última segunda (14) é um fato inédito na Ilha. Nunca antes nenhum grupo de trabalhadores tinha realizado protesto nessa importante e única via de acesso da Ilha. Dezenas de comerciantes fecharam as portas com medo de algum excesso, mas o movimento foi pacífico sem nenhum ato de violência. O único problema foi o congestionamento provocado pelo bloqueio, por cerca de 30 minutos, nos dois sentidos do trânsito da principal via de acesso à Ilha. Esse fato é grave até mesmo em manifestações justas como essa dos trabalhadores do Eisa, porque impedem o deslocamento de milhares de pessoas cujos compromissos podem ser importantes para suas vidas. 
             A presença da tropa de choque da PM e o barulho de bombas criou um clima de pavor entre as pessoas que circulavam pelas proximidades ou estavam nos pontos de ônibus. Como ninguém se feriu, o saldo do movimento dos trabalhadores alcançou os objetivos dos organizadores que conseguiram repercussão nacional sobre o terrível problema que vivem sem o pagamento dos salários há 90 dias. Nos bastidores, funcionários denunciam que o atraso no Eisa não é por falta de trabalho. O estaleiro tem diversas encomendas de navios e seu complexo industrial ainda tem muito serviço até 2018. Um dos sindicatos acusa a empresa de má gestão e desvio milionário de recursos. Já a direção do estaleiro diz que busca dinheiro no mercado financeiro para colocar em dia a folha de pagamento antes do final de julho. Na imprensa, entretanto, a notícia é de que os donos do Eisa querem vender o estaleiro, mas as negociações são lentas. Outra hipótese mais cruel é a de que podem estar usando o sofrimento dos trabalhadores para obter recursos públicos a fundo perdido. O governo de plantão ajuda e ganha a simpatia e os votos dos três mil trabalhadores submetidos a pressão dos salários atrasados. Qualquer que seja a verdade é um jogo cujos escrúpulos não existem.

joserichard.ilha@gmail.com

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